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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Primavera



A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.


A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.


Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.


Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.


Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.


Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.


Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu.


E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.


Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul.




Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume.


E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.


Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.















Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.]

Quadro"Pablo Picasso"

sábado, 12 de setembro de 2009

Não esqueço!!!!


Depois de décadas com a direita da pior estirpe a frente da minha bela Campinas, um cavaleiro montado nos braços da população que como em um momento de sanidade coletiva elegeu TONINHO para prefeito da cidade de Campinas.
Administrando a cidade por pouco tempo mostrou a população como eramos duramente enganados e que podiamos sim tomar algo que nos pertencia.
É notório a passagem da administração de TONINHO na população.
Os bairros se mobilizaram, projetos apareceram as pessoas sabem o que orçamento!!!
Era bom demais pra ser verdade, tão bom que ElES não aguentaram, matarm o motivo da motivação, acabaram com a crença de que politicos bem intensionados existem destruiram a esperança.
E eu pergunto o que vc fez?
São 8 anos de impunidade, é como ter um filho desaparecido e voce não saber o que aconteceu, uma angustia desumana!
Eu não esqueço!
Saiba mais
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Mobilize se!
Não esqueça!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Contos de verdadeiras fadas

1.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21 Era uma vez uma linda princesa que perguntou a um lindo rapaz: - Você quer casar comigo? Ele respondeu: - NÃO! E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes ,transou bastante, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela. O rapaz ficou barrigudo, careca, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.

FIM!!!

(Luís Fernando Veríssimo)


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2.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21 Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre... E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo...den...do!


FIM!!!



(Luís Fernando Veríssimo)